Cláudia Coelho
Capitulo II: República e cidadania.
Livro: Os bestializados – O Rio de Janeiro e a República que não foi.
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados; O Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
O inicio da República foi caracterizado por um grande contingente de idéias européias, movimentos liberais, positivista, socialista, anarquista e outros aspectos que legitimam um período de avanços significativos de valores burgueses que despertavam e colocavam em discussão as varias concepções de cidadania que assolavam principalmente o Rio de Janeiro naquela época.
José Murilo de Carvalho, no segundo capítulo do livro “Os bestializados” possibilita uma visão apurada quanto à mentalidade desenvolvida na cidade do Rio de Janeiro a partir de perspectivas de igualdade em direitos sociais e políticos, porém tais concepções não aconteciam numa sociedade onde o exercício da cidadania, principal forma de expressar e reivindicar seus direitos, limitando apenas as pessoas alfabetizadas o que distinguia a sociedade civil da política. O voto, considerado dever e função do povo era restrito excluindo a maior parte da população constituída por pobres, não alfabetizados e outros que dispostos a tal situação legitimam a disparidade para com as idéias republicanas.
A República foi marcada por muitas promessas, às vezes mal desenvolvidas por radicalistas que chegam ao extremo como forma de defesa aos seus ideais, porém não eram aceitos por todos desencadeando o rompimento destes com seus partidos.
Partindo de interesses de camadas populares que lutavam para que a cidadania abrangesse a todos. O movimento republicano utilizava-se da idéia de povo e pátria para unir a todos como forma de se desvencilhar de futuras complicações. Conquanto, em contra partida a tais idéias, estavam os soldados que insatisfeitos com alguns limites impostos restringiam relações com os cidadãos,porém o autor dispõe das idéias de Raul Pompéia que descartava a possibilidade de militarismo no Brasil partindo do pressuposto da condição financeira e social do Exercito,salientando que os militares estavam ao lado das causas populares e democráticas apresentando-se como cidadãos fardados que representavam à única classe organizada do país.
Carvalho apresenta ainda os operários do Estado, indivíduos fluminenses que viam na República uma oportunidade para redefinição de seu papel na política, assim os positivistas a fim de inserir o proletariado na sociedade por meio de medidas práticas de uma legislação trabalhista avançada tornaram - se idealizadores de bases que visavam à organização política dos operários.
Segundo as idéias de França e Silva apresentadas por Murilo Carvalho a República possibilitaria ao meio social o desenvolvimento do direito dos cidadãos à participação nos negócios públicos como expansão da cidadania.
Contudo, percebe-se que no inicio da República foram dispostos várias concepções de cidadania que fustigavam os ideais de construção e defesa dos interesses em comum, o que tornou possível identificar apenas objetivos distintos que se divergiam devido aos interesses individuais.
È sempre bom relembrar as obras do josé Murilo, e essa obra nos fez ter uma visão de nossa República completamente diferente partindo de grandes interesses vindos de toda parte, mas muitos pagaram preços altíssimos de serem excluídos dessa nova sociedade.
ResponderExcluirmuito bom, Bjs !!!!
Esse livro "os Bestializados" de José Murilo de Carvalho é muito Bom e agradeço a oportunidade de o estar revisitando.
ResponderExcluirREALMENTE A OBRE DE JOSÉ MURILO REFLETE O PENSAMENTO E A MANIPULAÇÃO UTILIZADA PELOS POLÍTICOS À ÉPOCA DA REPÚBLICA NO BRASIL. A DESONESTIDADE ERA TAMNHA, APONTO DE PRIVILEGIAR UNS - A ELITE- E HUNILHAR OUTROS- O POVÃO, ANALFABETO, E DESPREPARADO PARA DEBATER COM A ELITE ALFABETIZADA.
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